No segundo dia do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados no Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa argumentou que não existe prova que ligue o ex-presidente à trama golpista investigada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
O advogado Celso Vilardi afirmou que Bolsonaro foi “dragado” para os fatos apurados e que nenhum documento, planilha ou delator consegue comprovar participação direta dele em operações como o Punhal Verde e Amarelo, Operação Luneta ou nos ataques de 8 de janeiro. Vilardi questionou a credibilidade do delator Mauro Cid, apontando contradições em seus depoimentos.
Segundo a defesa, o volume de material entregue à equipe de Bolsonaro — 70 terabytes de documentos — e o curto prazo da instrução processual prejudicaram a análise completa das provas. “Em menos de 15 dias de instrução, não tivemos acesso integral às provas, enquanto o Ministério Público e a Polícia Federal tiveram meses de investigação”, declarou Vilardi.
Por outro lado, a PGR sustenta que Bolsonaro e o ex-ministro Braga Netto exerceram liderança na tentativa de golpe, com reuniões, discursos e ações coordenadas para insuflar a militância. O procurador-geral Paulo Gonet destacou episódios como a reunião ministerial de 5 de julho de 2021 e o discurso de 7 de setembro de 2021, em que Bolsonaro teria ameaçado ministros do STF e do TSE.
Gonet enfatizou que a condenação é essencial para a manutenção do Estado Democrático de Direito e para evitar a impunidade. “As palavras e ações do ex-presidente não podem ser vistas como arroubos isolados, mas como parte de um projeto autoritário”, afirmou.
O julgamento, iniciado na segunda-feira (2), segue com as sustentações das defesas e da PGR, com expectativa de definição sobre a participação dos réus na trama golpista.