As chamadas celas da Papudinha — área especial dentro do Complexo Penitenciário da Papuda — abrigam policiais, militares e autoridades condenadas. É nesse espaço, administrado pela Polícia Militar do Distrito Federal, que o ex-ministro da Justiça Anderson Torres cumprirá sua pena de 24 anos de prisão, conforme determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Dois ex-detentos que já passaram pelo local detalharam ao O Globo como funciona a estrutura diferenciada da Papudinha, que oferece condições superiores às da Papuda comum.
Estrutura mais ampla e confortável
Embora não haja metragem oficial divulgada, servidores da Secretaria de Administração Penitenciária (Seape) estimam que cada cela tenha aproximadamente 12 metros quadrados.
O ambiente inclui:
- beliches;
- ventiladores;
- televisão;
- pequena copa;
- vaso sanitário convencional;
- chuveiro quente;
- utensílios domésticos simples.
A “Papudinha” é composta por quatro celas sob um galpão:
três comportam até seis presos; a quarta é usada como cela individual de triagem.
Em outras unidades da Papuda comum, é comum o uso do chamado “boi”, um buraco no chão usado como sanitário.
Regime interno mais flexível
O tratamento na ala especial é menos rígido do que no restante do complexo:
- É permitida a entrada de frutas, refrigerantes e itens para sobremesas.
- Os detentos podem usar roupas coloridas: vermelho (regime fechado) e amarelo (semiaberto).
Na Papuda convencional, o uniforme é obrigatoriamente branco. - O uso de dinheiro vivo é tolerado até 30% do salário mínimo, algo proibido nas outras alas.
Mesmo assim, há regras iguais às demais unidades:
- proibição de celulares;
- proibição de bebidas alcoólicas;
- visitas restritas ao período oficial;
- controle sobre correspondências e televisão;
- banho de sol limitado.
Estrutura revisada após possibilidade de Bolsonaro ser enviado ao local
O espaço chegou a ser inspecionado pelo gabinete do ministro Alexandre de Moraes, quando havia a possibilidade de o ex-presidente Jair Bolsonaro cumprir pena ali.
Anderson Torres, que já havia passado pela Papudinha durante a prisão preventiva no caso da tentativa de golpe de Estado, retorna agora para cumprir pena definitiva.


