A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), rebateu nesta terça-feira (2) as falas do advogado Paulo Renato Cintra, que defende o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, durante o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus apontados como integrantes do núcleo 1 da trama golpista.
Na sustentação oral, Cintra citou repetidamente as expressões “voto impresso” e “voto auditável” como sinônimas, ao argumentar que Ramagem não participou da difusão de desinformação contra o sistema eleitoral.
Cármen Lúcia, que presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entre 2012 e 2013, fez questão de corrigir a afirmação. Segundo a ministra, as urnas eletrônicas são auditáveis desde 1996, quando foram adotadas no país, e não se deve confundir os conceitos.
“Vossa Senhoria usou, com muita frequência, como se fosse a mesma coisa, não é. O que foi dito o tempo todo é essa confusão para criar uma confusão na cabeça da brasileira e do brasileiro para colocar em xeque”, afirmou.
Após a intervenção, o advogado esclareceu que utilizou os termos como sinônimos porque eram assim mencionados em conversas de WhatsApp entre Bolsonaro e seus aliados, incluídas na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Cintra também afirmou que os episódios de monitoramento ilegal citados pela PGR ocorreram antes de Ramagem assumir a direção da Abin.
A sessão prossegue nesta semana com as sustentações dos demais advogados.