Durante audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (6), o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, manifestou preocupação com os preços elevados de hospedagem em Belém (PA), cidade que sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, marcada para novembro deste ano.
Segundo o embaixador, os valores cobrados por hotéis e imóveis particulares durante o evento estão entre 10 e 15 vezes acima da média habitual, o que pode comprometer a participação de representantes de países menos desenvolvidos e da sociedade civil. “Se os países dizem que não podem vir, aí você já está afetando a negociação”, alertou Corrêa do Lago, que também atua nas tratativas internacionais sobre o clima.
De acordo com o diplomata, até países ricos têm enfrentado dificuldades. A Áustria, por exemplo, cancelou a vinda do presidente Alexander Van der Bellen por falta de autorização parlamentar para os gastos elevados e enviará apenas o ministro do Clima, Norbert Totschnig.
A ajuda de custo oferecida pela ONU a países pobres é de US$ 149 por dia, enquanto as hospedagens disponíveis chegam a US$ 700 por noite, segundo o embaixador. “A gente está lutando, mas vamos conseguir que todos participem”, afirmou.
Para enfrentar o problema, o governo federal, por meio da Secretaria Extraordinária da COP30 (Secop) e do governo do Pará, está tentando ampliar a oferta de acomodações e negociar valores mais acessíveis com o setor hoteleiro. O Ministério do Turismo afirma que o diálogo já surtiu efeito. “Visitei hotéis aqui, hoje, que estão sendo entregues com diárias de R$ 2 mil ou R$ 3 mil”, disse o ministro Celso Sabino, assegurando que todas as delegações terão hospedagem a preços justos.
Entre as medidas adotadas, está o plano de acomodação subsidiada para países de menor renda. Segundo a organização da COP, estão reservados:
- 15 quartos individuais por delegação, com tarifas entre US$ 100 e US$ 200, para 73 países classificados pela ONU como Países Menos Desenvolvidos (LDCs) e Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (PEIDs);
- 10 quartos por delegação, com tarifas de US$ 220 a US$ 600, para os demais países.
A cidade de Belém, que possui cerca de 18 mil leitos disponíveis, deverá contar com reforço de dois navios de cruzeiro transformados em hotéis flutuantes, com capacidade de 6 mil leitos. Estão previstos ainda três novos hotéis de alto padrão, além de parcerias com plataformas como Airbnb e Booking para ampliar a oferta de quartos temporários.
Corrêa do Lago descartou a possibilidade de mudança de sede. “Não há plano B. O plano B é B de Belém”, afirmou, destacando o caráter simbólico de realizar a COP em uma cidade amazônica e o legado de infraestrutura e saneamento que o evento deixará na capital paraense.
A COP30 deve reunir cerca de 45 mil participantes de todo o mundo, entre chefes de Estado, negociadores, cientistas, empresários e representantes da sociedade civil.