20%da população mundial, segundo dados da Organização Mundial de Saúde, sofrem problemas gastrointestinais
Azia, refluxo, constipação, dor abdominal, mau hálito, diarreia. Quem sente esses problemas com frequência deve ficar em alerta. São sintomas que podem ser um aviso de que alguma coisa que não vai muito bem com relação ao trato digestivo. É hora, portanto, de deixar o “chazinho” de lado e buscar ajuda profissional.
Dados da Organização Mundial de Gastroenterologia indicam que 20% da população mundial, aproximadamente, sofrem algum tipo de alteração intestinal. Problemas que podem evoluir para diagnósticos como gastrites, úlceras, câncer de esôfago, câncer de estômago e câncer colorretal.
De acordo com a entidade, dos 20% da população mundial que sofrem de problemas gastrointestinais, 90% não procuram atendimento médico. Muitos se automedicam e outra parte não busca a solução do problema. Por isso mesmo, a entidade instituiu uma data – 29 de maio – como o Dia Mundial da Saúde Digestiva. O objetivo é alertar e conscientizar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce das doenças do aparelho digestivo.
No Distrito Federal, as Unidades Básicas de Saúde da Atenção Primária à Saúde (APS) são responsáveis por esse tipo de atendimento. Elas trabalham com ações de promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, cuidados paliativos e vigilância à saúde.
“As atividades referidas à alimentação e nutrição nestes serviços têm o apoio de nutricionistas dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família. Os serviços especializados em nível ambulatorial são retaguarda para as ações de nutrição na APS e referência para casos cujo cuidado deve ser complementado e articulado, devido às especificidades identificadas”, explica a nutricionista Karisten Casimiro de Oliveira Brandt, da gerência de Nutrição da Secretaria de Saúde do DF.
“Temos experiências relevantes da atuação de equipe multiprofissional, com trabalho interdisciplinar, em ambulatórios especializados que envolvem a atenção nutricional na Atenção Ambulatorial Secundária (AASE), como os ambulatórios de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), que atuam em atendimento individualizado e/ou coletivo. Caso haja a necessidade de realização de exames, o usuário será encaminhado aos pontos de referência da Rede SES –DF”, afirma a nutricionista.
Com a pandemia da Covid-19 algumas atividades estão suspensas. “Quando não é possível solucionar os agravos da saúde do usuário da APS, a equipe de Saúde da Família pode encaminhar os usuários para a Atenção Secundária, que é constituída pelos ambulatórios e policlínicas”, esclarece Carolina Gama, gerente de Serviços de Nutrição da SES-DF.
“A nota técnica também inclui critérios de estratificação de risco. A partir de sua publicação as regiões de saúde estão se organizando para iniciar a regulação dos atendimentos nutricionais na Atenção Secundária”,Carolina Gama, gerente de Serviços de Nutrição da SES-DF
A Gerência de Serviços de Nutrição (GESNUT) elaborou recentemente uma nota técnica para balizar o encaminhamento de pacientes para a Atenção Secundária. A nota técnica inclui várias situações relacionadas à obesidade, ao diabetes e outras doenças endócrinas, doenças inflamatórias intestinais, câncer e várias situações também relacionadas aos diferentes ciclos de vida.
“A nota técnica também inclui critérios de estratificação de risco. A partir de sua publicação as regiões de saúde estão se organizando para iniciar a regulação dos atendimentos nutricionais na Atenção Secundária”, informa Carolina Gama.
Pandemia da covid-19
Pesquisas internacionais que buscam evidências relacionadas à saúde digestiva em tempo de pandemia, como a que estamos vivendo, ainda estão em andamento. Mesmo assim, existem estudos no Brasil que ajudam a entender o atual quadro, como o que foi realizado pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP), que contou com a participação de 10 mil pessoas adultas.
Divulgado em outubro de 2020, o estudo apontou resultados de diferentes comportamentos alimentares frente à pandemia, conforme nível de escolaridade e desigualdade social do país. No geral, foi observado aumento no consumo de frutas, hortaliças e feijão. No recorte referente à região Centro-Oeste, houve uma sutil redução do consumo desses alimentos.
“Vale ressaltar que 76,2 % da população da região Centro-Oeste, acompanhada no estudo, consumiu pelo menos um alimento desse grupo no dia anterior, durante a pandemia. Com relação ao consumo dos alimentos ultraprocessados, praticamente não se modificaram com a pandemia”, analisa a nutricionista da Secretaria de Saúde.
O estudo revelou também que, na pandemia da covid-19, ocorreu predomínio do ganho de peso entre as pessoas pesquisadas. A ocorrência se mostrou diretamente associada ao sexo masculino, à menor escolaridade e à presença prévia de excesso de peso.
Lanche rápido pode ser alimento saudável
O que não ficou em evidência foi se o ganho de peso está relacionado à predominância de lanches rápidos. “Essa informação não apareceu nas pesquisas concluídas até o momento. Lanches rápidos nem sempre estão associados a alimentos não saudáveis, uma vez que as pessoas podem planejar suas refeições saudáveis para terem maior praticidade no dia a dia. Um exemplo disso é a fruta ou iogurte natural, como opção de lanche rápido e saudável”, esclarece Karisten Brandt.
“O Guia Alimentar para a População Brasileira aponta como regra de ouro: prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias a alimentos ultraprocessados”Karisten Casimiro de Oliveira Brandt, nutricionista da Secretaria de Saúde
Para a nutricionista, o aumento no consumo de alimentos ultraprocessados é um fator alarmante, pois eleva o risco de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) como obesidade, hipertensão e diabetes, cuja presença aumenta a gravidade e a letalidade da covid-19.
“O Guia Alimentar para a População Brasileira aponta como regra de ouro: prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias a alimentos ultraprocessados. O consumo de alimentos in natura ou minimamente processados fortalece os mecanismos de defesa do organismo e previne doenças crônicas não transmissíveis”, explica a nutricionista.
Cuidados para prevenir doenças do aparelho digestivo
– Prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados
– Consuma alimentos com baixa quantidade de açucares, gorduras, sódio e conservantes
– Conserve um horário padrão para as principais refeições
– Mantenha o controle do peso corporal
– Pratique atividades físicas
Hábitos inadequados
– Alimentação desequilibrada
– Excesso de álcool
– Sedentarismo
– Tabagismo
Fonte: Agência Brasília