Chega de Silêncio: A Mobilização Que Expôs a Crise da Violência Contra Mulheres

A onda de violência contra mulheres que marcou as últimas semanas no Brasil desencadeou uma resposta histórica. Em apenas três dias de convocação, o movimento “Levante Mulheres Vivas” levou milhares de pessoas às ruas e dominou as redes sociais em todo o país, em um grito coletivo de basta ao feminicídio e à violência de gênero.

Foram registradas mobilizações em 24 estados e no Distrito Federal, algumas com atos simultâneos em diferentes cidades. O perfil do movimento, criado às pressas antes dos protestos, alcançou rapidamente dezenas de milhares de seguidores, mostrando que a indignação tomou dimensão nacional.

Em São Paulo, a Avenida Paulista ficou tomada por manifestantes. Em Copacabana, no Rio de Janeiro, mulheres e famílias enfrentaram o calor para denunciar a violência que já deixou 79 mulheres mortas apenas este ano no estado. No Distrito Federal, mesmo sob chuva, ministras, autoridades e movimentos sociais se uniram para exigir respostas mais firmes do Estado.

A mobilização ganhou ainda mais força após episódios que chocaram o país, como o caso da militar incendiada por um colega em Brasília — um crime que escancara a violência motivada por gênero e o machismo institucionalizado. A ministra da Gestão, Esther Dweck, comentou que o país vive “um momento crítico”, no qual padrões culturais precisam ser enfrentados de forma urgente e conjunta.

Pelo Brasil, os números seguem alarmantes. No Pará, os feminicídios aumentaram quase 20% em relação ao ano passado. No Ceará, mais de 3 mil pessoas ocuparam a Praia de Iracema, em um ato suprapartidário que reuniu dezenas de movimentos sociais. Em Curitiba, homens, mulheres e famílias marcharam juntos. Em Porto Alegre, familiares de vítimas leram os nomes de mulheres assassinadas, em um dos momentos mais emocionantes da mobilização.

Os protestos do “Mulheres Vivas” não foram apenas demonstrações de luto, mas de resistência e exigência de políticas urgentes. A mensagem é clara: a violência contra a mulher é uma violação de direitos humanos, um problema de Estado e uma questão de saúde pública — e pode ser prevenida.

O Brasil assistiu a um levante que nasce da dor, mas se transforma em força coletiva. Não é apenas um ato. É um chamado. É a sociedade dizendo que não aceita mais perder mulheres para a violência que mata todos os dias.

E, desta vez, o país ouviu.

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