Defesa pede prisão domiciliar humanitária para Bolsonaro e atribui violação da tornozeleira a surto induzido por medicamentos

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a concessão de prisão domiciliar humanitária. O pedido foi apresentado neste domingo (23), acompanhado das explicações sobre a manipulação da tornozeleira eletrônica — episódio que motivou a decretação da prisão preventiva.

Os advogados afirmam que o vídeo que mostra o equipamento danificado comprova que não houve tentativa de rompimento, mas sim um episódio de confusão mental associado ao uso de medicamentos que afetam o sistema nervoso central. A defesa anexou um laudo assinado por dois médicos que acompanham Bolsonaro, indicando que ele apresentou alucinações e pensamentos persecutórios. O quadro, segundo o documento, pode ter sido desencadeado pela interação entre remédios prescritos, entre eles a pregabalina, usada para crises de soluço, mas com efeitos colaterais neurológicos.

Segundo a manifestação, Bolsonaro acreditou que havia uma “escuta” instalada na tornozeleira e tentou abrir apenas a tampa do dispositivo durante a madrugada, utilizando um ferro de solda. A defesa sustenta que esse comportamento reforça a confusão mental e não configura tentativa de fuga.

O ministro Alexandre de Moraes determinou que, após as explicações da defesa, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, tenha 24 horas para se manifestar.

Três versões e uma explicação formal

Bolsonaro apresentou três versões diferentes para o episódio. Inicialmente, segundo documento da Secretaria de Administração Penitenciária (Seape), a informação repassada à equipe de monitoramento era de que o equipamento teria batido em uma escada. A perícia preliminar descartou essa possibilidade e apontou marcas de queimadura.

Em visita à residência do ex-presidente, a diretora adjunta do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica registrou, em vídeo, Bolsonaro admitindo ter usado um ferro de solda “por curiosidade”. No dia seguinte, na audiência de custódia, ele apresentou uma terceira versão, formalizada à Justiça: a de que a confusão mental causada por medicamentos o levou a acreditar que a tornozeleira continha um dispositivo de escuta.

O equipamento será periciado pelo Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal.

A violação da tornozeleira, somada ao risco de fuga e às mobilizações convocadas por aliados, levou Moraes a converter a prisão domiciliar em preventiva. Bolsonaro segue detido na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília.

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