Festival Consciência Negra 2025 reúne multidão e destaca letramento racial, cultura e empreendedorismo no DF

O Festival Consciência Negra 2025 segue movimentando a área externa do Museu Nacional da República nesta sexta-feira (21), segundo dia de programação. Promovido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec-DF), em parceria com o Instituto Janelas da Arte, Cidadania e Sustentabilidade e com apoio da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF), o evento segue até sábado (22) com shows, debates, gastronomia, feira afro e atividades abertas ao público.

Na abertura, realizada na quinta-feira (20), o festival atraiu cerca de 50 mil pessoas distribuídas entre os palcos, feira criativa, praça gastronômica e espaços de convivência, consolidando-se como um dos maiores encontros de celebração e afirmação da identidade negra do Distrito Federal.

Programação diversificada e tema que conecta passado e futuro

Com o tema “Raízes que Conectam o Futuro”, o festival oferece três dias de atrações que incluem música, artes visuais, moda, literatura, debates formativos, atividades infantis e empreendedorismo. Toda a programação é gratuita mediante retirada de ingresso pelo Sympla e doação de 1 kg de alimento não perecível.

Abertura reúne capoeira, debates e shows de Ludmilla e Alexandre Pires

No primeiro dia, o público ocupou todos os espaços montados no entorno do Museu Nacional. A programação contou com roda de capoeira comandada pelo Mestre Cobra, oficinas no Espaço Kids, área expositiva e o movimentado Espaço da Beleza, onde turbantes e tranças foram os serviços mais procurados.

Na Tenda Muntu, o debate “Mulheres Negras e a Educação que Liberta” lotou o espaço e atraiu estudantes e educadores da rede pública.

À noite, os palcos concentraram a maior parte do público. O Palco Brasilidades teve abertura com o ritual do Afoxé Ogum Pá e apresentações de Daniel Beira Rio, Cida Avelar, ballroom e Isa Marques. Na Arena Lydia Garcia, Laady Bi e Ju Moreno antecederam os shows de Ludmilla, que apresentou a inédita Dopamina, e de Alexandre Pires, responsável pelo encerramento.

Letramento racial ganha protagonismo no segundo dia

Um dos destaques desta sexta-feira (21) foi a oficina “Descomplicando o Letramento Racial”, conduzida pelo pedagogo e especialista da Sejus-DF, Eric Marques Albernaz, que defendeu uma abordagem simples e acolhedora para ampliar a conscientização sobre raça fora dos ambientes acadêmicos.

“A pessoa reproduz o racismo sem perceber, sem ter sido letrada. O trabalho é de acolhimento, diálogo e consciência”, afirmou. Ele também explicou as bases do racismo estrutural, a formação da identidade parda e criticou a falta de acesso da população às discussões mais complexas sobre o tema.

Para Eric, a localização do festival — próximo à Rodoviária do Plano Piloto — amplia o alcance das atividades. “As pessoas chegam sem depender de transporte próprio. A estrutura está muito boa e o diálogo entre cultura, saúde e direitos humanos é essencial”, destacou.

Feira afro impulsiona vendas e fortalece empreendedores

A feira afro — que reúne empreendedores de diversas regiões do DF — registrou forte movimento desde a abertura. Laís Pereira Rodrigues, criadora da marca Preta Abusada, comemorou o resultado: “Ontem tive uma renda muito boa e hoje as vendas também estão ótimas”.

A artesã Miriam Martins, fundadora da marca Negramê, relatou aquecimento nas vendas inclusive para turistas estrangeiros. Ela reforçou a importância da continuidade dessas iniciativas: “Nós somos pretos o ano inteiro. Não dá para depender só de novembro”.

Público reforça sentimento de pertencimento e reparação

A psicóloga Naila Reis, uma das visitantes do festival, destacou a importância do evento como espaço de reflexão e reconhecimento. “Encontros como esse fazem as pessoas se verem, se reconhecerem e pertencerem”, afirmou.

Ela reforçou que o 20 de novembro deve ser lembrado como uma data de reparação histórica, e não apenas de celebração.

Shows desta sexta movimentam a Arena Dona Lydia

A programação musical continua nesta sexta-feira (21), com apresentações de Israel Paixão, Os Pacificadores, Uel, Timbalada e Mumuzinho. A praça gastronômica Sabores do Quilombo funciona das 12h às 22h, e o público também acompanha oficinas no Espaço Kids, exposição Retratos e a feira afro durante todo o dia.

Encerramento no sábado terá cortejo e grandes nomes

O festival encerra neste sábado (22) com cortejo do Grupo Cultural Obará, atividades infantis, novos debates na Tenda Muntu e shows de Carol Nogueira, Dhi Ribeiro, Benzadeus, Carlinhos Brown, Psirico e Thiago Kallazans.

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