Defesa de Bolsonaro pede a Alexandre de Moraes “prisão domiciliar humanitária”

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), um pedido de prisão domiciliar humanitária. A solicitação, feita nesta sexta-feira (21/11), busca substituir o regime fechado imposto na condenação por tentativa de golpe de Estado.

Bolsonaro foi sentenciado a 27 anos e 3 meses de prisão por liderar uma organização criminosa responsável por articular uma trama para impedir a alternância de poder após as eleições de 2022. A Primeira Turma do STF rejeitou, por unanimidade, todos os recursos apresentados pelo ex-presidente e por outros integrantes do núcleo golpista. Com o processo em fase final de tramitação, a prisão pode ser decretada nos próximos dias.

Argumentos da defesa

Os advogados afirmam que Bolsonaro enfrenta um “quadro clínico grave”, com múltiplas comorbidades e risco de agravamento caso seja transferido para o sistema prisional comum. Entre os problemas de saúde citados, estão:

  • hipertensão, apneia do sono e doença aterosclerótica;
  • histórico de pneumonias aspirativas;
  • complicações permanentes decorrentes da facada de 2018, como sequelas abdominais e episódios de “soluços incoercíveis”;
  • diagnóstico de câncer de pele em 2025;
  • internações recentes durante a fase da prisão domiciliar.

Laudos médicos anexados ao pedido também mencionam infecção pulmonar, esofagite, gastrite e outras complicações associadas ao atentado de 2018. A defesa argumenta que o ex-presidente necessita de infraestrutura médica adequada, com acesso facilitado a medicamentos, consultas frequentes e atendimento de emergência.

Possível execução da pena

Bolsonaro ainda não foi preso porque o processo aguarda o trânsito em julgado — etapa que se encerra quando não há mais possibilidade de recurso. A previsão é que essa fase seja concluída na segunda-feira. Como relator do caso, Moraes poderá determinar a imediata transferência do ex-presidente para o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.

O pedido de prisão domiciliar, portanto, busca garantir que a pena seja cumprida em casa, sob alegação de preservação da vida e integridade física do réu.

Recursos rejeitados

Na semana passada, a Primeira Turma do STF rejeitou todos os embargos de declaração apresentados por Bolsonaro e por outros seis condenados: Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Todos foram considerados parte do núcleo central da tentativa de golpe.

As condenações foram definidas em setembro. A Procuradoria-Geral da República apontou Bolsonaro como líder da organização criminosa, participando ativamente da elaboração do plano golpista e do incentivo aos atos que culminaram nos ataques às instituições democráticas.

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