Empreendedorismo feminino avança, mas ainda enfrenta barreiras: Câmara celebra data e reforça desafios

Nesta quarta-feira (19), o Plenário Ulysses Guimarães recebeu uma sessão solene em homenagem ao Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, reunindo parlamentares, lideranças e representantes de entidades que atuam na pauta. O tom do encontro foi claro: as mulheres avançam, sustentam a economia e movimentam os pequenos negócios — mas ainda esbarram em obstáculos que o Estado insiste em não resolver com a velocidade necessária.

Hoje, as brasileiras representam 34% das Microempreendedoras Individuais (MEIs) no país. É um dado expressivo, mas que revela uma realidade conhecida por quem acompanha o cenário de perto: grande parte dessas mulheres empreende sozinha, com recursos próprios e em meio a múltiplas jornadas.

Simplificação e crédito: duas portas que ainda não se abrem totalmente

Presidindo a sessão, a deputada Adriana Ventura (Novo-SP) reforçou a urgência de reduzir entraves burocráticos e tributários que sufocam o pequeno negócio feminino. A frase que marcou sua fala sintetiza a pauta:

“A mulher empreendedora sustenta muitas famílias e comunidades.”

Essa é uma verdade incontornável — especialmente quando olhamos para realidades fora do eixo Rio–São Paulo, como o Distrito Federal e o Nordeste, onde o empreendedorismo feminino é, muitas vezes, a primeira forma de renda e autonomia.

A deputada Bia Kicis (PL-DF) destacou outro ponto estruturante: a autonomia econômica como proteção contra a violência. Um tema que, embora ainda desconfortável para muitos, precisa seguir no centro do debate.

Sebrae reforça ações, mas aponta o óbvio: o crédito ainda não chega onde precisa

A diretora do Sebrae Nacional, Margareth Coelho, apresentou programas de capacitação e inclusão digital voltados para mulheres. São iniciativas importantes — e reconhecidas.

Mas a fala que mais repercutiu foi sua defesa por critérios de crédito adaptados à realidade feminina. Para quem acompanha a agenda, é um diagnóstico preciso: a análise bancária tradicional não enxerga a informalidade, a escala reduzida e a sobrecarga de cuidados, elementos que marcam o empreendedorismo feminino no Brasil.

Empreender por necessidade: o alerta que não pode ser ignorado

A presidente da Rede Mulher Empreendedora, Ana Fontes, trouxe a camada mais sensível do debate: grande parte das mulheres não empreende por escolha, mas por falta de alternativas.

“Precisamos de licença-maternidade ampliada e de incentivos fiscais para empresas que oferecem creche.”

Ela tocou em pontos que ainda não ganharam a centralidade necessária no Congresso: maternidade, cuidado infantil e ambiente de trabalho preparado para mulheres.

O que a sessão deixa claro

A solenidade reuniu empresárias e representantes de diversas organizações, incluindo Beatriz Guimarães, do Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura. E deixou uma mensagem evidente:

✔ O protagonismo feminino cresce.
✔ As iniciativas existem.
✔ Mas o apoio estrutural — crédito, desburocratização, políticas familiares — ainda não acompanha a força das mulheres que seguram a economia real.

No Mulher Capital Brasília, seguimos acompanhando essa pauta de perto, porque o avanço das mulheres no empreendedorismo não é apenas uma agenda econômica — é uma agenda de democracia, autonomia e futuro.

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