COP30: entre promessas verdes e a velha política

Belém será o centro das atenções em 2025. A COP30 chega ao coração da Amazônia prometendo unir governos, ambientalistas, empresas e lideranças indígenas em torno de um objetivo nobre: discutir o futuro do planeta. A cena é perfeita — a floresta, os discursos, as câmeras, os compromissos. Tudo parece convergir para um novo tempo. Mas será mesmo?

O Brasil volta ao centro das negociações globais com o discurso da sustentabilidade na ponta da língua. É bonito de ver — e de ouvir. A narrativa do país que “protege o verde” enquanto busca crescimento econômico sustentável ganha força e encanta o mundo. Os prós estão aí: protagonismo internacional, valorização da Amazônia, oportunidades de investimento, fortalecimento da diplomacia e, claro, um sopro de esperança em tempos de crise climática.

Mas o outro lado também merece atenção. A política ambiental brasileira ainda vive o dilema entre o discurso e a prática. Há avanços, sim, mas há também contradições que insistem em se repetir: a burocracia que trava políticas públicas, o desmatamento que não desacelera na velocidade prometida e a velha lógica de usar a pauta verde como vitrine eleitoral.
Entre o palco e os bastidores, o que se vê é uma disputa silenciosa por narrativas — e por poder.

A COP30 será histórica se o Brasil conseguir transformar a retórica em ação concreta, valorizando não apenas o protagonismo simbólico, mas o compromisso real com o meio ambiente e com as populações que vivem da floresta.
Porque, no fim das contas, o planeta não precisa de novos discursos — precisa de novas atitudes.

A política adora microfones, mas o planeta anda pedindo silêncio. E ação.

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