Fios e Emoções: quando a alopecia vai além da estética

Mais do que uma questão estética, a alopecia é uma condição que afeta profundamente a autoestima, a saúde emocional e a qualidade de vida de quem convive com a perda capilar. Ela pode começar de forma discreta — um fio aqui, outro ali, uma pequena falha —, mas, com o tempo, transforma a forma como a pessoa se vê e é vista.

Presente cada vez mais nas conversas e nas redes sociais, especialmente após figuras públicas revelarem o diagnóstico, o tema ganha espaço e ajuda a quebrar o tabu em torno da calvície e de outras formas de queda de cabelo.

O que é a alopecia?

De acordo com a dermatologista Dra. Regina Buffman, o termo médico descreve a perda de cabelo ou pelos em qualquer parte do corpo, que pode ocorrer de forma difusa ou localizada. As causas variam desde fatores genéticos, hormonais e autoimunes até questões emocionais.

“Casos relacionados ao eflúvio telógeno, por exemplo, costumam ser temporários e reversíveis, especialmente quando a causa — como estresse, infecções ou carências nutricionais — é identificada e tratada. Já as alopecias cicatriciais são permanentes, pois há destruição dos folículos capilares”, explica a médica.

Tipos e causas

Os principais tipos de alopecia incluem:

  • Androgenética: de origem genética e hormonal;
  • Areata: autoimune, quando o sistema imunológico ataca os folículos capilares;
  • Difusa ou eflúvio telógeno: queda generalizada, geralmente associada a estresse, doenças ou deficiências nutricionais;
  • Cicatricial: ocorre quando há destruição irreversível dos folículos.

Entre os fatores de risco estão alterações hormonais, uso de medicamentos, deficiências nutricionais, agressões químicas e estresse físico ou emocional.

Sintomas e diagnóstico

A queda acentuada de fios, falhas visíveis no couro cabeludo, afinamento capilar e coceira são sinais de alerta. Segundo a especialista, a perda de até 100 fios por dia é normal, mas o alerta deve acender quando há falhas circulares, fios enfraquecidos ou rarefação evidente.

O diagnóstico é clínico e realizado por um dermatologista, podendo incluir exames laboratoriais, biópsia e dermatoscopia.

Tratamentos disponíveis

As opções vão desde medicamentos tópicos, como minoxidil e corticoides, até terapias mais avançadas, como microagulhamento, laserterapia, imunoterapia tópica e transplante capilar.

Em casos autoimunes, medicamentos inovadores como inibidores de JAK e terapias com plasma rico em plaquetas (PRP) têm mostrado resultados promissores.

A dermatologista Dra. Paola Canabrava, do Hospital Santa Lúcia Norte, destaca que “o tratamento da alopecia evoluiu muito com as terapias regenerativas e genéticas, que buscam restaurar a saúde dos folículos e estimular o crescimento capilar com mais segurança e eficácia”.

O impacto emocional e o apoio psicológico

A perda capilar pode abalar profundamente a autoestima e levar a quadros de ansiedade e depressão. O acompanhamento psicológico, segundo Dra. Paola, é essencial: “Cuidar da mente e do corpo de forma integrada é parte indispensável do processo terapêutico e da reconstrução da autoconfiança”.

Prevenção e autocuidado

Embora algumas formas de alopecia não possam ser evitadas, hábitos saudáveis ajudam a preservar a saúde capilar:

  • Alimentação rica em proteínas e vitaminas;
  • Redução do estresse;
  • Evitar químicas agressivas e penteados que tensionem o couro cabeludo;
  • Procurar ajuda médica ao primeiro sinal de queda anormal.

A alopecia é um lembrete de que saúde e beleza caminham juntas — e que o autocuidado começa muito antes do espelho.

Últimas