Indicação para vaga de Barroso no STF deve ocorrer rapidamente e gera debate sobre representatividade feminina

A sucessão do ministro Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF) deve ser definida ainda nesta semana, com o retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Brasil, segundo líderes da base governista. Barroso antecipou sua aposentadoria na semana passada, abrindo disputa por uma das cadeiras mais cobiçadas do Judiciário brasileiro.

Durante sua viagem à Itália, onde participou do Fórum Mundial da Alimentação e se reuniu com o Papa Leão XIV, Lula esteve acompanhado de alguns dos nomes cotados para a vaga. Entre eles, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas, considerado habilidoso no diálogo com o Congresso, e o advogado-geral da União, Jorge Messias, integrante do núcleo jurídico-político do governo e figura de confiança do presidente.

Outros nomes também surgem na disputa, como o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius de Carvalho, ambos com perfil de articulação política e técnica. No entanto, a escolha deve priorizar candidatos próximos ao presidente, garantindo alinhamento com a atual composição da Corte.

O processo de indicação reacendeu o debate sobre representatividade feminina no STF. Em 134 anos de história, a Corte teve apenas três ministras: Ellen Gracie, Rosa Weber e Cármen Lúcia, atualmente a única mulher no tribunal. Entidades jurídicas e movimentos sociais publicaram carta pedindo que Lula escolha uma mulher para a vaga, lembrando que existem candidatas com experiência e reputação reconhecida, como Daniela Teixeira (STJ), Maria Elizabeth Rocha (STM) e Edilene Lôbo (ex-TSE).

Para o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), a escolha de Lula será rápida e deve se basear em critérios técnicos e políticos sólidos. Ele destacou a importância de nomear alguém com qualificação e compromisso democrático, sem abrir mão da estabilidade institucional e do bom funcionamento das cortes.

A jurista Soraia Mendes, pós-doutora em teorias jurídicas contemporâneas, afirmou que o debate sobre diversidade é legítimo e necessário, mas que a decisão imediata do presidente seguirá uma lógica política. Segundo ela, a pauta de gênero deve ser contemplada a médio prazo, apontando 2029 como horizonte para uma nova indicação feminina ao STF.

O episódio reforça a tensão entre tradição e mudança na Suprema Corte, em um momento em que o Brasil discute diversidade, inclusão e representatividade em instituições-chave do Judiciário.

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