Tony Blair é cotado para governar Gaza em plano de transição no pós-guerra

O nome do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair (1997-2007) voltou a ganhar força no cenário internacional como possível governador provisório de Gaza, no contexto dos planos dos Estados Unidos para a região após a guerra entre Israel e Hamas. A proposta integra um projeto do governo Donald Trump para o território, que prevê a criação da Autoridade Internacional de Transição de Gaza (Gita, na sigla em inglês), com duração de até cinco anos.

De acordo com a imprensa israelense, Blair estaria articulando o plano ao lado de Jared Kushner, genro de Trump, e assumiria o papel de uma espécie de “primeiro-ministro de Gaza”, coordenando o governo temporário. O modelo se inspira em transições internacionais como as de Timor Leste e Kosovo. Inicialmente, a sede da Gita seria estabelecida em el-Arish, no Sinai egípcio.

O organograma prevê que o governador presidiria um conselho de sete membros e um secretariado de até 25 pessoas. Um representante palestino também participaria do conselho, mas ainda não está definido se teria ligação com a Autoridade Palestina, presidida por Mahmoud Abbas — ponto considerado sensível dentro da proposta.

Segundo os documentos vazados até agora, o plano descarta o deslocamento de palestinos e prevê, em última instância, a transferência do poder a uma Autoridade Palestina reformulada e independente.

Resistências e histórico

Aos 72 anos, Blair é visto como figura com trânsito junto a Israel e países árabes, além de possuir experiência diplomática no Oriente Médio. No entanto, enfrenta resistência entre palestinos, especialmente por seu apoio à invasão do Iraque em 2003, ao lado do então presidente dos EUA, George W. Bush.

Após deixar o governo britânico em 2007, Blair foi nomeado enviado especial do Quarteto para o Oriente Médio (ONU, EUA, União Europeia e Rússia), com a missão de preparar o terreno para um futuro Estado palestino. Seu trabalho, no entanto, não prosperou, e ele deixou o posto em 2015.

Atualmente, Blair preside o Instituto Tony Blair para a Mudança Global. No mês passado, participou de uma reunião na Casa Branca com Jared Kushner.

A proposta para Gaza faz parte do plano de 21 pontos do governo Trump, apresentado na semana passada a líderes de países muçulmanos, e deve ser discutida em reunião com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu nesta segunda-feira (29), em Washington. A execução, no entanto, depende de um cessar-fogo definitivo entre Israel e Hamas, que há quase dois anos travam uma guerra devastadora na Faixa de Gaza.

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