Na janela da Câmara, Brasília parece calma, quase silenciosa. Mas esse silêncio é apenas aparente. Entre paredes e corredores, nos pequenos anexos, ecoa um barulho que não se ouve do lado de fora: o das negociações, das articulações e das escolhas que definem o rumo de milhões de brasileiros.
O momento político que vivemos é exatamente isso — uma contradição entre o que parece estável e o que, na prática, é turbulento. De um lado, discursos públicos que vendem consensos; de outro, bastidores em que se travam as verdadeiras batalhas. A democracia brasileira, tantas vezes testada, mostra-se resiliente, mas não imune a retrocessos.
O perigo está no que não se escuta: projetos que tentam blindar privilégios, estratégias que esvaziam a confiança popular, decisões que caminham mais pelo interesse de poucos do que pela necessidade da maioria. É nesse contraste — entre o silêncio das paredes e o barulho invisível das escolhas — que se desenha a política nacional.
Refletir sobre isso é lembrar que o silêncio não significa ausência de movimento. Pelo contrário: na política, ele muitas vezes anuncia mudanças profundas, capazes de transformar vidas. A questão é se essas transformações caminharão em direção ao fortalecimento da democracia ou ao reforço da impunidade.


