Lúcia Murat: memória, resistência e protagonismo feminino no cinema

Aos 77 anos, Lúcia Murat segue como uma das vozes mais potentes do cinema brasileiro. Ex-presa política e sobrevivente da violência da ditadura militar, a diretora transformou sua história em obra cinematográfica, sempre conectando memória, resistência e questionamento social.

Homenageada no 58º Festival de Brasília com o prêmio Leila Diniz, Murat relembrou a importância de figuras femininas que marcaram sua geração. “Leila representava a liberdade. Quando ela morreu, eu estava presa. Foi um choque enorme, uma lembrança que nunca me deixou”, contou emocionada.

Seu primeiro longa, Que Bom Te Ver Viva (1989), marcou época ao retratar mulheres torturadas durante a ditadura, misturando depoimentos reais e ficção. Desde então, construiu uma filmografia que dialoga com questões como violência, juventude, feminicídio e racismo. Seu mais recente trabalho, Hora do Recreio, premiado em Berlim, dialoga diretamente com os jovens e reafirma sua capacidade de se reinventar.

Mais do que cineasta, Murat é símbolo de protagonismo feminino. Seu cinema não apenas preserva memórias, mas também inspira novas gerações de mulheres a ocuparem espaços de criação e liderança.

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