Se existisse um ranking das palavras mais repetidas no Brasil, “anistia” estaria no topo. É anistia pra cá, anistia pra lá. Tem quem ame, quem odeie, quem não entenda, e quem só finge que entende.
E agora surge a grande invenção política do momento: a “anistia light”. Sim, light, como se fosse refrigerante diet, margarina sem sal ou até cerveja sem álcool. Parece igual, mas não é.
A versão defendida pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), com apoio de boa parte do Centrão e alinhada ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), promete não engordar o prato de ninguém. Afinal, diferente da proposta original, essa anistia não prevê o tão desejado perdão judicial amplo.
Ou seja: Bolsonaro e companhia seguem com suas condenações no currículo, mas os envolvidos “menores” nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 poderiam se beneficiar. É tipo aquele desconto que não chega até você, mas ajuda o vizinho.
E o melhor (ou pior): o próprio presidente da Câmara fez questão de informar Lula sobre a jogada. O presidente já deixou claro ser contra qualquer tipo de anistia. Mas, em Brasília, “ser contra” nunca foi sinônimo de “fim de conversa”.
No fim das contas, a “anistia light” é o remédio político inventado para aliviar a pressão de uns sem curar a dor de outros. Democracia à brasileira: com açúcar, com adoçante, ou agora, com sabor artificial de light.