Em declaração conjunta nesta segunda-feira (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a visita do presidente da Nigéria, Bola Tinubu, marca “a volta do Brasil ao continente africano”. O encontro ocorreu no Palácio do Planalto e teve como objetivo reforçar laços diplomáticos, econômicos e culturais entre as duas nações.
Lula lamentou o afastamento do Brasil da África nos últimos anos e defendeu a ampliação do comércio bilateral, além da cooperação em áreas estratégicas como cultura, tecnologia, agricultura e ciência. “O Brasil tem uma preocupação muito particular com a nossa relação com a África. Temos consciência da nossa história, da cultura que compartilhamos e do que significam os 350 anos de escravidão a que o povo africano foi submetido no Brasil”, declarou o presidente.
O chefe do Executivo destacou que a reaproximação não se resume a questões econômicas, mas envolve “solidariedade e alinhamento político e cultural”. Lula ressaltou ainda que, em 2014, o fluxo comercial entre Brasil e Nigéria atingiu US$ 10 bilhões, mas caiu para US$ 2 bilhões em 2024. “Não foi por acaso. Nos últimos governos, o Brasil se distanciou da África. Duas das maiores economias da América Latina e da África devem ter um intercâmbio muito maior”, afirmou.
Novos acordos
Durante a reunião, foram assinados cinco acordos de cooperação, envolvendo serviços aéreos, formação de diplomatas, ciência e tecnologia, além de parcerias entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco de Agricultura da Nigéria. Uma das medidas anunciadas é a preparação de uma rota aérea direta entre Lagos e São Paulo.
“Nesse momento em que ressurge o protecionismo e o unilateralismo, Nigéria e Brasil afirmam sua aposta no livre comércio”, disse Lula.
Mudanças climáticas
Outro tema abordado foi o impacto das mudanças climáticas. Lula ressaltou que países menos desenvolvidos, como os africanos, são os mais afetados pelo aquecimento global, apesar de emitirem poucos gases poluentes. Ele também convidou a Nigéria a integrar o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que será lançado durante a COP30, em novembro.
“A África é a região do mundo que menos emite gases de efeito estufa, mas uma das que mais sofre as consequências perversas do aquecimento global”, destacou o presidente brasileiro.
