Medida atinge café, frutas e carnes e aumenta tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos
Começou a valer nesta quarta-feira (6/8) a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre parte das exportações brasileiras. A medida, assinada na semana passada pelo presidente norte-americano Donald Trump, atinge 35,9% das mercadorias enviadas ao mercado norte-americano, o que representa cerca de 4% das exportações totais do Brasil.
Produtos como café, frutas e carnes passam a pagar a sobretaxa, enquanto suco de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes, aeronaves civis e celulose ficaram de fora.
A decisão faz parte da estratégia da Casa Branca de pressionar países parceiros em meio à guerra comercial com a China. No caso do Brasil, a justificativa oficial inclui retaliação a medidas que teriam prejudicado empresas de tecnologia norte-americanas, além de uma resposta indireta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe.
Governo reage e negociações começam
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil não aceitará ser tratado como uma “republiqueta” e reafirmou o compromisso com o uso de moedas alternativas ao dólar. O governo prepara um plano de contingência para apoiar empresas brasileiras afetadas pelas tarifas, com linhas de crédito e novos contratos públicos.
O Ministério da Fazenda já iniciou contato com autoridades dos EUA para abrir negociações. O ministro Fernando Haddad sugeriu que minerais críticos e terras raras entrem na pauta bilateral como compensação estratégica.
Mesmo com o impacto imediato nas exportações, o setor cafeeiro vê espaço para reversão. No mesmo dia em que Trump assinou o tarifaço, a China habilitou 183 empresas brasileiras para exportar café ao país, o que pode abrir novas oportunidades para o produto no mercado asiático.