Oposição anuncia obstrução no Congresso após prisão domiciliar de Bolsonaro

Parlamentares criticam STF e Alexandre de Moraes, e prometem ocupar mesas da Câmara e do Senado em protesto

Brasília – A oposição ao governo federal e ao Supremo Tribunal Federal (STF) anunciou nesta terça-feira (5/8) que entrará em obstrução no Congresso Nacional. A decisão ocorre após a decretação da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes.

Em coletiva à imprensa, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e o senador Rogério Marinho (PL-RN) lideraram as críticas ao STF e afirmaram que parlamentares de partidos da oposição irão ocupar as mesas diretoras da Câmara e do Senado como forma de protesto.

“Nós vamos parar esse Congresso. Liberdade, ainda que tardia”, declarou Nikolas Ferreira, em tom inflamado. O deputado afirmou que a medida é uma defesa de princípios democráticos e não apenas de pessoas. “Hoje estamos vivendo em um país onde manifestação pública é considerada coação à Justiça.”

Nikolas, que disse estar entre os citados no inquérito dos atos antidemocráticos, comparou a situação de Bolsonaro à de criminosos de facções e acusou o STF de criminalizar a liberdade de expressão. Ele também conclamou outros partidos a apoiarem um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes.

Estado de exceção e críticas ao foro privilegiado

O senador Rogério Marinho, líder da oposição no Senado, classificou a situação como um “estado de exceção”. Ele voltou a criticar o inquérito das fake news, conduzido por Moraes, que, segundo ele, se arrasta há anos sem os devidos limites legais.

“Esse inquérito vai completar sete anos em março e representa uma ação inquisitorial. Foi aberto de ofício, é sigiloso e concentra poderes em uma única pessoa”, disse.

Marinho também defendeu o fim do foro privilegiado, classificando o instrumento como uma “ferramenta de coação do Legislativo”. Ele citou a PEC 33, que propõe a extinção do foro especial e já está pronta para votação na Câmara. O senador cobrou agilidade na tramitação e criticou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (União-AP), pela falta de reação institucional.

“O presidente do Senado não pode virar as costas para a instituição que representa”, declarou.

Obstrução e ocupação das mesas

A oposição informou que os blocos parlamentares do PL e partidos aliados irão obstruir votações e ocupar fisicamente as mesas diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em um movimento de resistência política.

“Não estamos aqui defendendo apenas Bolsonaro. Estamos defendendo o Estado de Direito, a separação dos Poderes e a própria democracia”, disse Nikolas.

Segundo os parlamentares, a ação é um “último recurso” diante da ausência de diálogo com os presidentes das Casas Legislativas.

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