Estreia nesta quinta-feira (17) o documentário Cazuza, Boas Novas, dirigido por Nilo Romero, que revisita os dois últimos anos da vida do cantor e compositor — um período marcado por coragem, intensidade e maturidade artística.
Mais do que um astro do rock brasileiro, Cazuza foi uma figura política. Um jovem que, ao transformar sua dor em arte, também transformava sua arte em crítica social. Cantou sobre liberdade quando o país ainda respirava ares de repressão. Denunciou a hipocrisia da sociedade, da política, das relações — com poesia, ousadia e uma lucidez muitas vezes desconfortável para os poderosos.
A turnê Ideologia, que ganha destaque no documentário com imagens inéditas, foi mais do que um espetáculo musical. Dirigida por Ney Matogrosso, ela foi uma manifestação pública de resistência e autenticidade. Cazuza se posicionava. E fazia isso com versos como “Brasil, mostra tua cara”, ecoando o grito de uma geração que não aceitava mais calar.
Na política, tanto quanto na arte, falta hoje o que Cazuza tinha de sobra: coragem para dizer o que se pensa, mesmo que doa. O documentário é uma oportunidade de lembrarmos que ser político não é apenas estar em um cargo — é usar sua voz, sua influência e sua história para transformar realidades.
Em tempos de discursos prontos e imagens filtradas, Cazuza, Boas Novas nos convida a revisitar um Brasil onde a arte tinha o poder de provocar, incomodar e libertar. E nos lembra que a política também pode — e deve — ser um espaço para verdades.