O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), inicia no segundo semestre de 2025 a implantação do Método Wolbachia nos municípios de Valparaíso de Goiás e Luziânia, no Entorno do Distrito Federal. A estratégia inovadora utiliza mosquitos Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia para reduzir a transmissão de dengue, zika e chikungunya.
Conhecidos como Wolbitos, esses mosquitos são liberados gradualmente no ambiente. Ao se reproduzirem com os Aedes locais, transmitem a bactéria para seus descendentes. Com o tempo, grande parte da população de mosquitos na região passa a carregar a Wolbachia, que bloqueia o desenvolvimento dos vírus no organismo do inseto, tornando-o incapaz de transmitir essas doenças.
A iniciativa integra uma série de ações já desenvolvidas no estado, como mutirões de limpeza e campanhas de conscientização da população. A expectativa é que os primeiros impactos sejam percebidos já nas próximas temporadas de maior incidência da dengue.
Quadro da dengue em Goiás
Apesar da redução de 69% nos casos em relação ao mesmo período de 2024, o estado segue em alerta. Em 2025, Goiás já notificou 123.218 casos suspeitos de dengue, com 72.331 confirmações e 53 mortes registradas. Outros 79 óbitos ainda estão em investigação. A SES reforça a importância da população continuar eliminando possíveis focos do mosquito.
“À primeira vista, não há diferença entre o Aedes aegypti comum e o que carrega a Wolbachia. Por isso, manter os cuidados é essencial”, destaca Flúvia Amorim, subsecretária de Vigilância em Saúde da SES-GO.
Segurança, eficácia e reconhecimento internacional
A tecnologia é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e tem base em estudos científicos conduzidos no Brasil e em outros 13 países. No Rio de Janeiro, por exemplo, o método reduziu em até 70% os casos de dengue em áreas tratadas.
A iniciativa é conduzida no Brasil pela Fiocruz, com apoio do Ministério da Saúde, e executada pela empresa Wolbito do Brasil, que administra a maior biofábrica de Wolbitos do mundo.
“Os resultados mais expressivos ocorrem cerca de dois anos após o início das liberações. No entanto, os efeitos já podem ser percebidos nas temporadas seguintes”, explica Gabriel Sylvestre, gerente de implementação da Wolbito.
A Wolbachia é uma bactéria naturalmente presente em cerca de 60% dos insetos do planeta. Sua introdução no Aedes aegypti, desde 2008, vem se consolidando como uma alternativa segura, natural e autossustentável no combate às arboviroses.