O governo russo afirmou nesta terça-feira (15) que segue disposto a negociar com a Ucrânia, mas declarou que precisa de tempo para analisar as recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O líder americano impôs um ultimato de 50 dias à Rússia para encerrar o conflito iniciado em 2022, prometendo novas sanções e envio de armamentos à Ucrânia caso o prazo não seja cumprido.
“As declarações vindas de Washington são muito sérias. Precisamos de tempo para avaliá-las com cautela. Se o presidente Putin considerar necessário, ele se pronunciará”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. Ele ainda classificou as medidas como um incentivo à continuidade da guerra por parte de Kiev.
A Rússia também indicou aguardar uma nova rodada de propostas ucranianas para retomada das negociações de paz, após duas tentativas frustradas realizadas em Istambul.
Pressão por acordo e tensões com a China
Trump, que assumiu novamente a presidência dos EUA em janeiro, tem pressionado Rússia e Ucrânia por um acordo rápido. Durante sua campanha eleitoral, chegou a prometer o fim da guerra em 24 horas, sem detalhar como.
Nos últimos dias, porém, o presidente americano mudou o tom e demonstrou frustração com a falta de avanços. “Estou decepcionado com Putin. Esperava um acordo há dois meses”, afirmou ao lado do secretário-geral da Otan, Mark Rutte, na Casa Branca.
Trump ameaçou impor sanções secundárias contra países aliados da Rússia, caso o conflito não seja encerrado dentro do prazo estabelecido. A China, principal parceira comercial de Moscou, reagiu criticando a postura americana. “Coerção ou pressão não resolvem problemas”, declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Lin Jian.
Novas armas para a Ucrânia
Durante o encontro com Rutte, Trump também anunciou que membros da Otan comprarão equipamentos militares dos EUA, incluindo baterias antimísseis Patriot, para envio imediato à Ucrânia. O financiamento será feito pelos aliados europeus.
“Nós, os Estados Unidos, fabricaremos o armamento, e eles pagarão por isso”, destacou o presidente.
Impasse continua
Apesar das pressões internacionais, o presidente Vladimir Putin mantém sua exigência de que a Ucrânia abandone o plano de integrar a Otan e reconheça a anexação da Crimeia e de outras quatro regiões. Kiev, por sua vez, considera essas condições inaceitáveis.
O conflito já deixou dezenas de milhares de mortos e milhões de deslocados, principalmente nas regiões leste e sul da Ucrânia. Até o momento, as chances de um cessar-fogo imediato continuam distantes.