A Força da Mulher na Construção da Democracia Brasileira

Quando olhamos para a história recente do Brasil, é impossível ignorar a coragem e a determinação de mulheres que romperam barreiras e abriram caminho onde antes só havia espaço para homens. Maria de Lourdes Abadia é uma dessas mulheres. Assistente social, oriunda das bases populares de Ceilândia, ela se tornou um símbolo da luta feminina na política brasileira.

Em 1986, Abadia foi eleita deputada federal, uma das duas primeiras mulheres a representar o Distrito Federal na Câmara. Mais do que ocupar uma cadeira no Congresso, ela ajudou a escrever a Constituição de 1988 — nossa Carta Magna, que garantiu direitos fundamentais para todos os brasileiros. Naquele cenário dominado por homens, as 26 mulheres constituintes entenderam, desde o início, que só seriam ouvidas se estivessem unidas. Foi assim que nasceu o emblemático “lobby do batom”, uma aliança que transcendeu partidos e ideologias em defesa dos direitos das mulheres e da igualdade de gênero.

Graças a essas mulheres, princípios básicos, que hoje parecem naturais, foram conquistados. O direito da mulher ser reconhecida como chefe de família, a igualdade formal entre homens e mulheres, e a construção de um olhar mais justo sobre o papel feminino na sociedade.

Mas a luta não acabou. Como Abadia bem resume, o Brasil ainda carece de mais espaço, mais voz e mais representação feminina na política e na sociedade. As mulheres são maioria da população, mas ainda são minoria nos espaços de poder. Continuamos enfrentando desafios, preconceitos e desigualdades.

E se há uma mensagem que a trajetória de Abadia deixa para as novas gerações, especialmente para as mulheres, é esta: não desistam da democracia, não desistam do Brasil e não abram mão de ocupar os espaços de decisão. A política precisa de mais sensibilidade, de mais empatia, de mais coragem feminina. Como ela mesma afirma: “Eu olho hoje para o Brasil e sinto que está faltando colo de mãe”. E talvez seja exatamente isso que a política brasileira precise: do olhar cuidadoso, firme e transformador das mulheres.

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