O novo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, afirmou nesta semana, durante audiência no Senado, que o governo federal está comprometido com a apuração das fraudes envolvendo descontos indevidos em aposentadorias e benefícios do INSS. Segundo ele, a investigação “vai até o fim, doa a quem doer”.
O ministro foi convocado pela Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor para prestar esclarecimentos sobre o esquema criminoso que atingiu aposentados e pensionistas em todo o país.
Queiroz defendeu a atuação do atual governo no combate às fraudes e afirmou que foi a própria gestão federal, por meio da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), que identificou e desmontou o esquema. “Essas fraudes não começaram agora, mas terminaram neste governo“, afirmou.
Reembolsos e responsabilizações
O ministro explicou que o valor inicial para reembolso aos prejudicados será proveniente dos R$ 2,5 bilhões bloqueados de entidades associativas envolvidas nas irregularidades. Contudo, ele indicou que esse número pode crescer:
“As investigações continuam, os bloqueios estão aumentando, e iremos buscar a responsabilização e o ressarcimento de empresas fantasmas que roubaram os aposentados”, afirmou Queiroz.
Conflito político
Durante a audiência, houve troca de acusações entre governistas e opositores. Parlamentares da oposição alegaram que o número de fraudes aumentou em 2023, já sob o governo Lula. A base governista, por sua vez, argumenta que o esquema teve início no governo anterior, ainda em 2019.
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) cobrou o apoio da base do governo à criação de uma CPMI para investigar o caso, questionando a ausência de assinaturas de aliados do Planalto. Em resposta, o ministro disse que não poderia falar pelos parlamentares, mas reforçou:
“Este é um governo que não tem medo. Foi o governo Lula que mandou chamar a polícia e pôs fim à farra dos descontos.”
O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), declarou que assinará o pedido de instalação da comissão. Já Jaques Wagner (PT-BA) afirmou que o Congresso não tem a estrutura técnica da PF ou da CGU para aprofundar as investigações, mas sinalizou que poderá apoiar a CPI.
Apagão de dados e transparência
O ministro também foi questionado sobre a falta de atualizações do Boletim Estatístico da Previdência Social (Beps), cuja última edição foi publicada em dezembro de 2024. À época, mais de 2 milhões de pessoas aguardavam análise de benefícios.
Queiroz justificou o atraso pela mudança na direção do INSS e garantiu compromisso com a transparência e regularidade das informações.
“Defendo que os dados sejam divulgados a cada 45 dias. Na nossa gestão, vamos primar pela divulgação como fonte única do INSS”, afirmou.
Bate-boca com Sergio Moro
Um dos momentos mais tensos da audiência foi o embate entre o ministro e o senador Sergio Moro (União-PR). O ex-juiz questionou a atuação de Queiroz como secretário-executivo em 2023 e o acusou de omissão diante de denúncias recebidas naquele período.
Em resposta, o ministro rebateu, dizendo que as primeiras denúncias ocorreram ainda em 2020, quando Moro era ministro da Justiça do governo Bolsonaro.
“Essas denúncias foram feitas em 2020. Parece que Vossa Excelência era o ministro da Justiça nessa época. Fez alguma coisa?”, questionou.
Moro negou conhecimento prévio do caso e acusou Queiroz de não agir ao ser informado em 2023.