Nos últimos anos, o aumento da presença feminina em cargos políticos tem sido acompanhado de avanços tímidos, especialmente em posições de vice, onde o protagonismo ainda é limitado. Essa tendência reflete uma estratégia adotada por muitos partidos políticos: mulheres são incluídas nas chapas majoritárias para atender às cotas de gênero, mas muitas vezes são colocadas em papéis secundários, sem os recursos ou o apoio necessários para assumir posições de liderança.
Especialistas avaliam que essa prática é uma forma de “driblar” as exigências das cotas, já que os partidos sentem a pressão social por maior inclusão, mas, na prática, mantêm os homens no controle das principais decisões. Embora a participação feminina seja maior em cargos de vice, essa posição não oferece a visibilidade e o poder necessários para que as mulheres realmente façam a diferença e promovam mudanças estruturais na política.
A destinação de recursos eleitorais também favorece os homens nas campanhas majoritárias. Mesmo quando mulheres ocupam o cargo de vice, os recursos são direcionados, em grande parte, para a campanha dos candidatos homens. Essa desigualdade não apenas limita o protagonismo das mulheres, mas também perpetua uma estrutura política dominada por homens, onde as mulheres são vistas mais como complementos do que como líderes.
Para transformar esse cenário, é necessário que haja uma mudança profunda na forma como os partidos encaram a participação feminina. As mulheres precisam ser inseridas em posições de liderança de maneira autêntica, com apoio financeiro e estrutural. É fundamental que o debate sobre cotas de gênero não se limite a números, mas também inclua a qualidade da participação feminina, garantindo que elas tenham voz e poder real nas decisões políticas.
A presença de mulheres na política, em todos os níveis, é essencial para construir uma sociedade mais justa e representativa. No entanto, é preciso que essa presença seja acompanhada de oportunidades reais de liderança e protagonismo, para que as mulheres possam influenciar diretamente as políticas públicas e o futuro do país.