A Representatividade Feminina na Política: Desafios e Avanços no Rio de Janeiro

Apesar de quase três décadas desde a criação das primeiras cotas de gênero para candidaturas no Brasil, a presença feminina nas câmaras municipais ainda é insuficiente. O cenário no Estado do Rio de Janeiro reflete essa realidade de maneira alarmante. Embora as mulheres representem 54% do eleitorado fluminense, o estado registrou a menor proporção de vereadoras eleitas em 2024, com apenas 10%, muito abaixo da média nacional de 18%.

Mesmo com um aumento no número de cadeiras disponíveis nas câmaras municipais, a participação feminina não acompanhou o crescimento. No Rio, dos 1.208 vereadores eleitos, apenas 117 serão mulheres, duas a menos do que no último pleito. Na capital, a representatividade melhorou um pouco, atingindo 23,5%, mas ainda fica longe do ideal.

O processo de inclusão das mulheres na política é dificultado por uma série de fatores. Rosa Fernandes, vereadora reeleita para seu nono mandato na Câmara do Rio, lembra que, no início de sua carreira, havia mais atenção para sua aparência do que para seu discurso. Ela destaca que as novas regras de financiamento eleitoral ajudaram a aumentar a presença feminina, mas isso, por si só, não basta.

De fato, apesar de avanços como a obrigatoriedade de repasse de 30% do fundo eleitoral para candidaturas femininas, muitos partidos não se dedicam à formação de suas candidatas, limitando o potencial de inserção delas em espaços de poder. Ana Paula Conde, professora da PUC-Rio, observa que a sociedade ainda é desigual e subestima a participação política das mulheres.

A falta de representatividade é notória em diversos municípios fluminenses. Em 29 cidades do estado, nenhuma mulher foi eleita para a câmara, entre elas grandes cidades como Nova Iguaçu e São João de Meriti. Para que mais mulheres ocupem esses espaços, é fundamental um trabalho que comece na educação, estimulando o engajamento político desde cedo, como sugere Alexandra Moreira, vereadora eleita em Quissamã.

O fortalecimento da presença feminina na política exige um compromisso mais profundo por parte dos partidos, com a criação de programas de capacitação contínua e o desenvolvimento de redes de apoio que incentivem as mulheres a assumirem suas posições de liderança com confiança e determinação. Para transformar o cenário político brasileiro, é essencial que as lideranças femininas sejam valorizadas e que os recursos destinados às suas campanhas sejam ampliados. Somente com esse apoio estruturado será possível aumentar a representatividade e garantir que as mulheres ocupem mais espaços de destaque nas decisões políticas do país.

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