Governador disse que é preciso evitar que mais goianos morram pela Covid-19, que é importante seguir o que preceitua a ciência e que são os governos federais que negociam a compra de vacinas com os laboratórios
Entrevistado desta sexta-feira, dia 19, no Jornal Brasil Central, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, esclareceu a população sobre a questão da compra da vacina contra a Covid-19, observando que os governos federais têm prioridade. Explicou também sobre a importância do decreto do Governo de Goiás para o isolamento social e pediu a compreensão da população nesse momento crítico da doença, reiterando que não vai trocar a vida por voto e que neste momento é importante que as pessoas não se aglomerem, para evitar a propagação dessa nova variante do vírus, que é mais contagiosa e letal.
Sobre as vacinas, disse que o assunto precisava ser bem esclarecido para não ficar dando margem a especulação. “Os laboratórios produtores do insumo, o IFA, para a fabricação da vacina, têm contratos com vários países. A produção não é suficiente para atender à demanda. O Brasil ficou dependente do governo chinês, porque tanto a Fiocruz (que produz a AstraZeneca), quanto o Butantan (CoronaVac), precisam do IFA para transformar em vacina.
As tratativas estão sendo feitas com governos e laboratórios, que têm interesse de fazer convênios com governos federais. Então, as ações são entre governos federais e demais laboratórios. O governo brasileiro já tem as vacinas da AstraZeneca e CoronaVac e está em tratativas com a Sputnik V e a Pfizer e Jansen”, assinalou.
Compra da vacina
Segundo Caiado, criou-se uma ideia de que prefeituras, empresas pudessem comprar vacina e que isso não é uma realidade. “O Fórum dos governadores está articulado para que todas as vacinas que entrarem no Brasil sejam distribuídas para todos os brasileiros, de acordo com a faixa etária e é o que está acontecendo hoje no Programa Nacional de Imunização”, afirmou, acrescentando que estão aparecendo intermediários e pessoas que se apresentam como grandes vendedores de vacina, mas que estão blefando.
“Temos que ter cautela e grande responsabilidade. Estamos numa ação conjunta, solicitando presidente dos Estados Unidos, que conseguiu avançar na vacinação em seu país e tem um estoque hoje que é três vezes maior do que a população americana. Já tem parceria com Canadá e México e nós governadores estamos, neste momento, solicitando para que o Brasil possa entrar nessa parceria e receber também um percentual significativo, já que o quadro no Brasil é grave, com essas novas variantes que estão surgindo”, explicou Ronaldo Caiado.
Medidas
O governador disse que hoje pela manhã fez uma reunião com todos prefeitos e prefeitas de Goiás e repassou a eles 28 milhões de reais, do Governo de Goiás, para ações de assistência social, para investimento em seus municípios, que podem ser em cestas básicas e no que for mais necessário. Informou que o Governo de Goiás está adquirindo mais 250 mil cestas básicas, liberando 112 milhões de reais, para empréstimos a custo zero ao pequeno empresário. “A vacina é o objetivo principal, todo mundo deseja. Agora, até a vacina chegar, nós precisamos do isolamento social, para diminuir a taxa de contaminação e os óbitos no nosso estado”, assegurou.
Perguntado sobre a medida tomada pelo prefeito de Aparecida de Goiânia de não seguir o decreto do governo do Estado, Caiado disse que viu com “muita preocupação, porque foi o prefeito de Aparecida que veio ao meu gabinete, pediu para que o prefeito de Goiânia viesse junto, porque a situação em Aparecida era calamitosa, pediu nossa ajuda e propôs o fechamento, usando até a palavra ‘lockdown’. Ora, se a contaminação está aumentando, por que sair do isolamento? É uma decisão sem base científica”.
Disse que não sabia quais forças empresariais fizeram com que ele tivesse essa mudança de comportamento, quebrando uma regra e que está provocando o maior número de contaminação do Estado de Goiás. “Sinceramente, isso vai exigir que ele no futuro explique esse gesto negacionista dele neste momento”, ponderou, acrescentando que fica claro que a atitude dos que não quiseram seguir a base científica. Pregada pelo decreto, é uma vertente de querer ser simpático, “em busca de apoio de votos do que comprometidos em salvar vidas. Essa é a verdade nua e crua. É triste assistir situações como essa”.
Não gera crise
Caiado observou também que as medidas do decreto do governo estadual não geram crise: “Não podem imputar ao decreto a situação de crise econômica. A crise é em decorrência do vírus, essa é a realidade. Tanto é que Goiás, depois da primeira onda, saiu em primeiro lugar em geração de emprego e na produção industrial. Fizemos um decreto no dia 12 de março de 2020 e que as pessoas falavam e faziam essas críticas. Essas mesmas viúvas falavam exatamente isso, vai desindustrializar Goiás, todo mundo vai ficar desempregado, a crise será o colapso de Goiás. Nós tomamos as medidas com base científica, alongamos o perfil da curva, estruturamos a regionalização da saúde, saímos da primeira onda. E nosso estado teve o maior número de indústrias instaladas em toda a história de Goiás”.
Confirmou que Goiás é hoje o primeiro lugar no Caged, no Centro-Oeste, e quarto lugar no país, dados de janeiro, em geração de emprego com carteira assinada. “Promovemos, ao mesmo tempo, com a Secretaria da Retomada, uma política para alicerçar os pequenos e micro empresários, os individuais, como também a área do turismo, do lazer, da cultura, para que fossem resgatados. E você vê que Goiás respondeu como exemplo para o Brasil todo. A segunda onda vamos tratar da mesma maneira, pedindo a compreensão da população, agora com uma dificuldade maior, porque o vírus é muito mais transmissível e mais letal. Vamos conseguir tirar o Estado dessa segunda onda e se reerguendo rapidamente, numa velocidade maior do que a média nacional”, observou.
Hospitais e leitos
Disse também que não fechou nenhum leito em Goiás e muito pelo contrário recebeu o governo com 259 leitos de UTIs em apenas três cidades, Anápolis, Goiânia e Aparecida de Goiânia, e hoje há 21 cidades com leitos de UTI e enfermaria, num total de 3.100 leitos, sendo 800 de UTI. Fez a ressalva de que o único hospital desativado foi o de Águas Lindas de Goiás, que era do governo federal, e que Goiás recebeu o ultimato para retirar o que tinha do Estado lá porque ele seria desmontado em outubro do ano passado, uma decisão do governo federal.
Sobre o transporte coletivo, perguntado por um telespectador, respondeu que o governo do Estado está distribuindo máscara, pedindo para que seja disponibilizado álcool em gel nos pontos de ônibus e que vai iniciar uma fiscalização, a partir de domingo, para que o transporte seja utilizado nos horários de pico apenas por aqueles que trabalham nas atividades essenciais. Sobre os remédios propagados para combate à Covid-19, informou que as revistas científicas estão tratando isso como antiético.
ABC Digital