Tornando os Caminhos para Igualdade uma Realidade: Desafios e Ações para o Empoderamento das Mulheres no Brasil e no Mundo

Relatório The Paths to Equality: Desafios e Caminhos para a Igualdade de Gênero no Brasil e no Mundo

Recentemente, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a ONU Mulheres lançaram o relatório “The Paths to Equality” (Os Caminhos para Igualdade), com o objetivo de mapear de forma abrangente o avanço da situação das mulheres no mundo. Por meio da análise de dois índices inéditos e complementares – o Índice de Empoderamento das Mulheres (WEI) e o Índice Global de Paridade de Gênero (GGPI) – em 114 países, o documento revela que, apesar dos avanços em algumas áreas, a liberdade das mulheres para fazer escolhas e conquistar oportunidades permanece amplamente restrita, com grandes disparidades de gênero sendo registradas em todo o mundo.

O Brasil, infelizmente, está entre os países que ainda enfrentam desafios significativos em relação à igualdade de gênero. Seu índice de empoderamento está em 0,637, classificando-o como um país de médio-baixo empoderamento. O estudo avalia oito critérios, desde o acesso a métodos de planejamento familiar e gravidez na adolescência até a participação no mercado de trabalho e a incidência de violência doméstica. A média mundial do índice é de 0,607, e na América Latina e Caribe é de 0,633.

O relatório destaca que a liberdade restrita e as baixas oportunidades para fazer escolhas sobre a própria vida estão relacionadas ao desenvolvimento humano, que tem sido medido pelo PNUD desde a década de 1990. Quanto mais próximo de um o índice, maior o empoderamento das mulheres (WEI) e a paridade de gênero (GGPI) identificados nos países.

A disparidade entre homens e mulheres no Brasil é alarmante, com os indicadores das brasileiras sendo 32% mais baixos em áreas como vida e saúde, educação, inclusão no mercado de trabalho, inclusão financeira e participação na tomada de decisões, em comparação aos homens. Isso aponta para a necessidade urgente de ações políticas abrangentes para combater a desigualdade de gênero.

É importante ressaltar que um maior desenvolvimento humano não é suficiente para promover a igualdade de gênero. O relatório destaca que 85 dos 114 países abrangidos têm um desempenho baixo ou médio em termos de empoderamento das mulheres e alcance da paridade de gênero, mesmo que mais da metade desses países esteja classificada como tendo alto ou muito alto desenvolvimento humano. No caso do Brasil, essas disparidades coexistem com um alto desenvolvimento humano.

Para superar essas deficiências e desigualdades, o relatório apresenta uma série de recomendações e áreas de ação política para os formuladores de políticas:

  1. Políticas de saúde: Garantir acesso universal à saúde sexual e reprodutiva, promovendo uma vida longa e saudável para todos.
  2. Igualdade na educação: Abordar as lacunas nas habilidades e qualidade da educação, especialmente em áreas como ciências, tecnologia, engenharias e matemática, para capacitar mulheres e meninas na era digital.
  3. Equilíbrio entre vida profissional e familiar e apoio às famílias: Investir em políticas e serviços que abordem o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, incluindo cuidados infantis acessíveis e de qualidade, licença parental e arranjos de trabalho flexíveis.
  4. Participação igualitária das mulheres: Definir metas e planos de ação para alcançar a paridade de gênero em todas as esferas da vida pública e eliminar leis e regulamentos discriminatórios.
  5. Combate à violência contra a mulher: Implementar medidas integrais de prevenção, mudar normas sociais e eliminar leis e políticas discriminatórias.

Os novos índices lançados no relatório são fundamentais para conscientizar sobre a importância da paridade de gênero e do empoderamento das mulheres. É evidente que nenhum país alcançou alto nível de empoderamento feminino enquanto mantém grandes disparidades de gênero. Portanto, acelerar o empoderamento das mulheres é a chave para alcançar a paridade de gênero.

Esse relatório também se torna uma contribuição crucial no contexto da Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A igualdade de gênero é transversal a todos os ODS, e o avanço rumo a um mundo mais igualitário e inclusivo é essencial para o progresso humano global.

A partir desses índices, os países podem orientar seus esforços para alcançar o ODS 5 – Igualdade de Gênero, além de preencher as lacunas em relação aos outros ODS. O relatório oferece um guia estratégico para fortalecer os esforços em busca de um mundo mais justo e igualitário, onde todas as mulheres e meninas possam viver suas vidas com liberdade, escolhas e oportunidades plenas.

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