A região administrativa de Ceilândia recebe, nesta quarta (29) e quinta-feira (30), a primeira edição do projeto “Câmara nas Cidades” de 2023. Nesta tarde, a estrutura da Casa montada na Praça dos Eucaliptos fez as vezes de plenário do Legislativo local, abrigando a sessão ordinária, a qual foi suspensa, inicialmente, para ouvir a comunidade da RA.
Lideranças comunitárias se revezaram para apresentar suas demandas prioritárias: 11 das quais foram debatidas, votadas e ranqueadas em oficina preparatória ocorrida no último sábado (25).
O professor Nelson Moreira Sobrinho contou ter participado, em 2019, do antigo projeto itinerante da CLDF: “As propostas foram quase as mesmas. A primeira, inclusive, foi a mesma: a estruturação do Parque do Setor O”. O morador destacou que o espaço foi instituído, em 1990, por um decreto-lei que criava cinco parques na Ceilândia: “Nenhum deles vingou, só o do Setor O”.
O morador apresentou o histórico da luta para tirar o parque do papel. “Em 2018, recebemos as duas pistas de caminhada no parque, uma quantidade de grama e poucas árvores. Precisamos de banheiros, bebedouros, guarita de vigilantes, gente tomando conta”, concluiu.
A segunda reivindicação foi feita por Ailton Veles da Silva: concluir a obra do centro cultural, iniciada em 1986. “O Cine Teatro tem planta, tem orçamento, tem planta baixa definida”, frisou. E prosseguiu: “Ceilândia é uma potência na cultura hoje e isso não é por incentivo do Estado, é por ação da própria população”.
“Estou aqui, carregada de espírito de muita esperança, porque represento 240 crianças e adolescentes de famílias da Ceilândia. Clamo para que olhem com muito carinho para nossa reivindicação de permanecer com o serviço de convivência e fortalecimento de vínculos”, defendeu Terezinha de Jesus da Costa. A moradora lamentou a interrupção do funcionamento do Cantinho do Girassol a partir de julho deste ano. “Estamos prestes a perder uma estrutura maravilhosa”, disse.
Na sequência, a líder comunitária Zilda Maria da Cunha cobrou a revitalização do asfalto em toda a região administrativa. “Sei que não é da alçada da CLDF, mas podem destinar recursos por meio de emendas”, avaliou.
A revitalização do Rio Melchior foi a reivindicação seguinte. Ivanete Silva dos Santos ressaltou que o corpo d’água recebe esgoto de várias RAs. “A Caesb é de excelência e tem de mudar as ferramentas de poluição. O rio pede socorro. Ele precisa de cuidados hoje”, enfatizou.
Em discurso vigoroso, Claudinete Felix fez apelo por melhorias na rede pluvial e drenagem das águas da chuva. “Homens e carros são arrastados pelas águas da chuva”, lamentou a moradora, que criticou a situação das bocas de lobo da região. Aos distritais, disse: “Quando quiserem realmente lutar pela Ceilândia, não procurem a administração, procurem os moradores, que conhecem as demandas. A Ceilândia não é só curral eleitoral, pedimos socorro”.
Por sua vez, Clebinho do Esporte defendeu a revitalização dos campos sintéticos, destacadamente o da QNP 26, no P Sul. “Esses espaços precisam ser cuidados para que a população possa utilizar”, afirmou.
Já Sabrina Pereira Santos iniciou sua fala com uma pergunta: “Qual é o maior bem de vocês?”, ao que ela mesma respondeu: “Sem saúde, não fazemos nada”. A moradora criticou a falta de médicos e o atendimento no Hospital de Ceilândia e nas unidades básicas de saúde. “O que está acontecendo com a Saúde? Precisamos mudar essa realidade”, completou.
A construção de uma creche no Condomínio Privê foi outra reivindicação apresentada. Cacildo Sena apontou que a localidade abriga mais de 16 mil habitantes, e a creche mais próxima está a 5 km.
Na oficina preparatória, as lideranças comunitárias elegeram, ainda, as seguintes prioridades: a reforma e revitalização da Praça dos Eucaliptos e a cobertura da quadra da QNP 09 (CEF 25), Ginásio Boa Vizinhança.
Além dessas 11 reivindicações, outras acabaram sendo apresentadas esta tarde; entre elas, a reconstrução da Escola Classe 59; a instalação de uma delegacia na Guariroba; a ampliação do número de linhas de ônibus, e a implementação, de fato, das leis em defesa das mulheres.
Depois de escutarem os moradores, os deputados distritais reabriram a sessão, para comentar as reivindicações.
Agência CLDF