Um dos espaços mais emblemáticos do Distrito Federal vai reabrir suas portas ao público com uma destinação inédita. A Sala Cássia Eller, que compõe o Eixo Cultural Ibero-americano, está pronta para se transformar no primeiro espaço brasileiro totalmente destinado a pessoas com deficiência (PCD), no palco e na plateia.
“Este é um sonho que se torna realidade, atendendo a uma demanda reprimida de artistas e público nessa condição”, afirma o secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Bartolomeu Rodrigues. “A Sala viveu anos de abandono, numa situação inaceitável: um espaço cultural no centro da cidade, que estava servindo de depósito de velharias. Agora, vai ter um destino à altura e provar que o artista PCD tem muito o que mostrar para enriquecer a cultura do DF.”
A partir de agora, a Organização da Sociedade Civil (OSC) Associação Dançart’Especial, selecionada por meio de chamamento público, disporá de recursos no valor de R$ 3 milhões para atuar em duas frentes: primeiro, adequando as condições físicas do espaço para receber plenamente as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida; e, segundo, na gestão compartilhada com a Secec, para receber espetáculos que tenham como foco os PCDs tanto na criação quanto na fruição cultural. O intuito é de que, assim, a Sala Cássia Eller se transforme em um polo de cultura acessível a todos.
A previsão de reabertura do espaço é já para os próximos meses e segue em consonância com o Decreto de Acessibilidade Cultural, publicado em outubro pelo Governo do Distrito Federal, que prevê ações para garantir a integração de PCDs no fazer cultural. Além disso, as ações de acessibilidade respeitarão as orientações dos órgãos responsáveis pelo patrimônio cultural do DF. “Uma das prioridades da Subsecretaria do Patrimônio Cultural da Secec é que a proposta permita o equilíbrio entre acessibilidade e tombamento”, explicou a diretora de Preservação da pasta, Aline Ferrari.
REFORMA
A Secretaria de Cultura e Economia Criativa investiu o montante de R$ 493,5 mil nos serviços de manutenção corretiva e adequação da Sala Cássia Eller, que contou com reparos em infiltrações, retirada de carpete, revestimento de piso emborrachado, inclusão de rampa de acesso ao palco, pintura das paredes e teto, completa revisão do sistema elétrico e de ar condicionado, além de reforma dos banheiros, um deles atendendo completamente às normas de acessibilidade universal.
Agora, com a assinatura do Termo de Colaboração, a OSC está apta a desenvolver as atividades previstas no plano de trabalho aprovado pela Secec, que incluem implementação da acessibilidade física, comunicacional e atitudinal, além da experiência acessível no local. O fim desta nova etapa está previsto para ocorrer ainda no primeiro semestre de 2023, incluindo implantação de espaço específico para pessoas em cadeira de rodas e cão-guia, assentos para pessoas com mobilidade reduzida e obesas, além de sinalização completa para cegos, com aplicação de piso tátil.
A OSC selecionada possui vasta experiência no desenvolvimento cognitivo, capacitação e produção de festivais com pessoas com deficiência. Assim, uma das primeiras providências da associação foi a contratação de uma consultora de inclusão, a cadeirante Daniela Louvores, que já atua na área de emprego e renda da pessoa com deficiência, juntamente com outros profissionais PCD que serão contratados para a execução do projeto.
“Desde a elaboração da proposta até a acessibilidade arquitetônica da sala e as demais tecnologias assistivas, priorizamos o protagonismo das pessoas com deficiência”, afirmou a diretora da Dançart’Especial, Sônia Maria Ramalho da Silva. “A reforma fomenta a cultura a partir do momento em que o espaço será voltado para uma série de manifestações artísticas com foco na pessoa com deficiência, sendo ela de natureza física, mental, intelectual ou sensorial”, completou.
A parceria também prevê capacitação e profissionalização voltadas às pessoas com deficiência, com oficinas de artes e música, curso de libras e workshop de audiodescrição, entre outros serviços destinados a garantir a integração de PCDs no fazer cultural, assegurando mecanismos de incentivo e ampliação da produção e do acesso a projetos inclusivos.
HISTÓRIA
Projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, a sala foi inaugurada em 1977 como Sala Funarte. Com 214 lugares, foi renomeada em 2001, em homenagem à cantora Cássia Eller, reconhecida mundialmente por sua carreira como cantora e multi-instrumentista, figura de grande importância histórica no âmbito da música brasileira. Personagens marcantes do DF e do Brasil já passaram pelo palco do espaço, como Plebe Rude, Artimanha, Gilvan Chaves, Liga Tripa, Renato Matos, e, claro, a própria Cássia Eller.
(Ascom/Secec)