Essa data é feita para todas as mulheres pretas, protagonistas da luta de uma minoria social nos direitos mas majoritária na quantidade
Chegamos ao Dia da Mulher Negra, uma hora esse dia chegaria. Nele, as mulheres competem de igual com os homens na disputa pelo lugar de comando. E, entre as mulheres, ser branco ou ser negro não faz diferença porque elas tiveram as mesmas oportunidades de escola, trabalho e aceitação social. Você vê? São todos, todas e todex iguais. Sejam elas, eles, elus, elis, elos.
Olhei no calendário, no entanto, e não achei essa data. Vi que 25 de julho é Dia da Mulher Negra, mas não vi o cenário de igualdade em que essa data poderia ser comemorada. Bonequinhas negras com seus cabelos exuberantes, lábios de sapoti e tonalidade uniforme se espalham em figurinhas pela internet.
Elas são mesmo lindas, uma representação de beleza, daquilo que não necessariamente se vê na empregada de casa, na tia do lanche, na babá das crianças, na gari outro dia passando apressada aqui na rua de casa enquanto amarrava o cabelo para ir trabalhar. Essa boneca esteticamente aceita talvez lembre mais as negras que, com estudo, chegaram a profissões mais intelectualizadas, ainda que sejam poucas a ponto de caber nos dedos de uma mão, ou talvez nem isso, de tão solitário que é chegar a espaços onde elas não eram esperadas.
Essa data é feita para todas as mulheres pretas, protagonistas da luta de uma minoria social nos direitos mas majoritária na quantidade. Há mais negros do que brancos no Brasil, e isso é uma conta e não uma cota.
O dia 25 de julho, Dia da Mulher Negra, existe para lembrar a luta diária, de sobrevivência e de ascensão social, indo além das políticas públicas, meritocratica ou sorte da vida, que melhoram a cara de quem a sociedade reservou apenas o lugar da senzala.
Estejam todos acordados nesta data para observar quem são e onde estão as mulheres negras que os cercam. O dia é delas.
Fonte CNNBrasil